Escrito por Thiago Turetti | Publicado em 6 de junho de 2024
Na manhã desta quinta-feira (6), a Receita Federal do Brasil (RFB) e a Polícia Federal (PF) desencadearam a Operação Anemia com o objetivo de desarticular uma organização criminosa envolvida em contrabando, descaminho e lavagem de dinheiro. A ação ocorreu em quatro estados brasileiros: Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.
Mais de 200 policiais federais e 34 auditores-fiscais cumpriram 53 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva em diversas cidades, incluindo Curitiba, Londrina, São Paulo, Tupã, Joinville e Rio de Janeiro. Um dos mandados em Curitiba foi cumprido nas proximidades do Museu Oscar Niemeyer, um cartão-postal da cidade.
A Investigação
As ordens judiciais foram expedidas pela 9.ª Vara Federal de Curitiba, determinando o sequestro, bloqueio e apreensão de bens imóveis, veículos, dinheiro em espécie, obras de arte, joias, criptoativos e outros itens de alto valor encontrados. A RFB afirmou que o grupo introduzia produtos ilegalmente no Brasil a partir do Paraguai, atendendo clientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal, onde grandes comércios populares e lojas de produtos eletrônicos importados irregularmente estão localizados.
Divisão da Organização
A organização foi dividida em sete núcleos pelos investigadores:
- Núcleo de gestão
- Núcleo de logística
- Núcleo dos financiadores
- Núcleo dos contadores
- Núcleo dos doleiros/operadores financeiros
- Núcleo dos compradores
- Núcleo dos laranjas
Os criminosos passaram a adquirir produtos diretamente de fornecedores nos Estados Unidos, China e Hong Kong, utilizando cidades paraguaias como entreposto físico. Em uma das empresas investigadas, aberta em nome de uma funcionária, foram movimentados mais de R$ 700 milhões utilizando artifícios como criptomoedas.
Participação de Servidores Públicos
A organização contava com financiadores, muitos deles servidores públicos que investiam recursos e dividiam os lucros com contadores e operadores financeiros. As medidas foram cumpridas com apoio das corregedorias da Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Penal do Paraná, indicando a participação de servidores ativos ou aposentados dessas corporações.
Histórico da Operação
As investigações começaram em 2020, mas o grupo estaria operando desde 2014, introduzindo mercadorias irregularmente no país pela fronteira com o Paraguai, especialmente eletrônicos, distribuídos a diversos estados brasileiros.
Evidências e Impacto
Evidências apreendidas durante as buscas incluem bens de luxo e itens de alto valor, demonstrando o padrão de vida elevado dos investigados. A operação visa não apenas desarticular a organização criminosa, mas também recuperar ativos e bens adquiridos ilegalmente, contribuindo para a justiça e a ordem econômica no país.
A Operação Anemia é mais um passo crucial na luta contra o crime organizado no Brasil, evidenciando a importância da cooperação entre diversas entidades públicas para combater atividades ilícitas e proteger a economia nacional.