O contrabando de roupas no Brasil atingiu um novo recorde este ano, com perdas fiscais estimadas em mais de R$ 77 bilhões, segundo dados da Receita Federal. Entre janeiro e outubro, foram apreendidos R$ 189 milhões em peças de vestuário, marcando um aumento de 78% em comparação ao ano anterior. Esses números alarmantes foram revelados em sintonia com o Dia Nacional Contra a Pirataria, organizado pelo Fórum Nacional Contra Pirataria e Ilegalidades (FNCP), ressaltando a crescente preocupação com o mercado ilegal no país.
O Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) projeta que até o final de 2023, o prejuízo com a evasão de tributos no varejo digital poderá atingir R$ 77 bilhões. Esse cenário destaca a necessidade de combater a concorrência desleal provocada pela falta de isonomia tributária. Em 2022, o Brasil já havia sofrido perdas consideráveis de quase R$ 410 bilhões devido ao mercado ilegal, com o setor de vestuário sendo o mais afetado.
Edson Vismona, presidente do FNCP, aponta a alta carga tributária sobre o consumo como um dos principais fatores que impulsionam o contrabando. Segundo ele, o aumento dos impostos beneficia o mercado ilegal, que não paga impostos e se torna mais atrativo em comparação aos produtos legalizados.
O crescimento das vendas por plataformas de e-commerce, como Shein e Shoppe, também tem impacto significativo nesses números. Recentemente, a Shein, com sede em Cingapura, fechou um acordo com o fisco brasileiro para a tributação adequada de suas mercadorias importadas, um passo importante na luta contra o contrabando.
Este cenário complexo de contrabando de roupas no Brasil não apenas sublinha os desafios enfrentados pela Receita Federal em termos de fiscalização, mas também destaca a necessidade urgente de políticas mais equilibradas para lidar com a alta carga tributária e a crescente atratividade dos produtos ilegais.